MESA POSTA PRATOS FRIOS ( Vendas )
Primeiramente, queria ressaltar a construção de uma narrativa que induz o leitor a “pensar”, e, de certa forma, formular as conjecturas do crime “em conjunto” com os agentes. Como vê-se, por exemplo, na construção do enredo da relação entre os crimes ocorridos – a observação de um modus operandi com regiões de disparos que não podiam ser coincidência, inclusive, regiões que atiradores de elite buscam atingir para evitar reação da vítima, ou seja, quando mais perquirido, a observação de um criminoso metódico e experiente, com habilidades advindas de muito treinamento. Algo que busca o pensamento intuitivo do legente, fazendo este refletir sobre quem cometeu os crimes. Essa narrativa traz à tona uma visão didática do autor (característica docente). O livro, de forma muito fidedigna à realidade policial e que, por ser uma continuação de outro livro, começa em uma situação pós tragédia onde os poderosos deram um recado aos que buscam a justiça pela lei, traz a desconexão com a ideia de uma justiça vendada (imparcial), onde, inclusive é dito no livro, a justiça tem as “mãos livre para desvendarse quando bem queira”. Além do mais, vem também a ideia do pensamento de pessoas corruptas que têm a visão de cidadãos honestos como “oponentes”, ou seja, criando uma divisão entre “nós e eles”, mostrando a ausência de uma consciência de uma só polícia. Percebe-se, também, a covardia dos ratos e a lealdade de companheiros a um policial honrado. Alcides, policial que construiu toda sua história na polícia de forma honesta, tem que tomar uma decisão na qual vai de encontro com seus ideais, pois, ele, um homem que sempre seguiu a lei; que sempre defendera a vida e não a morte, terá que fazer justiça com suas próprias mãos. O livro traz de modo excelente toda a angústia e dúvidas causadas a Alcides após e anteriormente ao primeiro assassinato. Mas, toda o desanuviamento após o segundo ato, muito por conta da ideia de trabalho feito e pelo vislumbre de tempos mais justos, onde aqueles que servem a elite em detrimento do povo sangra.
Rafael Marinho Cunha de Barros
Leitor e matemático

