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segunda-feira, 22 de maio de 2017

Entrevista com o autor Daniel Barros - Laura Militão



Laura Militão
A entrevista de hoje é com o autor Daniel Barros, que é nosso parceiro.

Entrevista:

1-  Daniel, quando foi sua primeira publicação e qual foi?

O desejo de expressão é inerente à espécie humana, potencializado quando se refere ao sentimento. É preciso pôr para fora para não sufocar. Como dizia Paulo Leminski no poema “Pergunte ao Pó”: “... o que a gente sente / e não diz / cresce dentro”. Comecei a escrever justamente por essa necessidade de expor sentimentos e ideias. O sorriso da cachorra é uma história divertida e prazerosa. Entretanto, sem esquecer o espírito de denúncia que nós, os escritores nordestinos, temos.


2- Quais são seus livros já publicados?



O primeiro O sorriso da cachorra, Enterro sem defunto (romance policial) e Mar de pedras. O quarto está em  fase de revisão: canto escuro (romance policial).
www.amazon.com.br/Sorriso-da-Cachorra

O sorriso da cachorra é uma novela que basicamente conta estória de um casal de adolescentes que se apaixona e vive todo um encanto de amor juvenil e também todas as agruras e inseguranças da adolescência, tal paixão se passa na paradisíaca Maceió e em tempos de chumbo, finja nos estertores da ditadura militar, quando o casal se envolve no processo de redemocratização do país. Apesar de ser uma novela leve, apresenta um final um tanto pesado. Ah! O título poderia ser tema de um baile funk, mas não é bem assim. O livro, pelo contrário, como diz o poeta Ivan Marinho no prefácio: “A novela O sorriso da cachorra, se poema, seria uma ode à paixão, com toda sua ousadia, encantamento, ilusão... e loucura.”



3- Dos livros de sua autoria, qual é o seu preferido?

Enterro sem defunto
Discordo de alguns colegas que afirmam que livros são como filhos. Para mim não são, pois nesse caso, gosto sempre mais do caçula que dos demais. O que seria uma injustiça, porém, para fugir do mal, que assola nossa sociedade, a hipocrisia, digo-lhes: no fundo, nós pais temos a preferência por um deles, mas não podemos revelar para não causar ciúmes nos outros (riso).



4- Pretende publicar mais algum livro? Se sim, quando?

Quando terminei O Sorriso da Cachorra, meu maior medo era não ter folego para escrever outro livro, e ser escritor de um livro só. Hoje o meu maior medo é não evoluir nas próximas obras. Neste sentido tenho tido boas críticas sobre a minha possível evolução, e, portanto, o trabalho se torna mais árduo.
Sim. O livro Canto escuro já está pronto, em fase de revisão, que é a parte mais trabalhosa, mas deve ser lançado em 2018. É um romance mais denso, mais introspectivo, com um cuidado maior na construção dos personagens e do enredo.

5- De onde tira inspiração para escrever?

"Se queres ser universal, escreve sobre a tua aldeia." Tolstoi.
A vida, as pessoas que me cercam, o ambiente em que vivo, sobretudo, as ideias e os sentimentos inerentes à condição humana. 

6- Algum dos seus livros foi inspirado na sua vida?

Mais uma vez recorro à citação de outro mestre, desta vez Jorge Amando que dizia: “Todos os meus personagens têm um pouco de mim e das pessoas que conheço.” Só pretendo escrever minha biografia quando estiver perto de morrer, portanto espero que não seja por agora (risos).

7- Há algum autor em que você se inspire ou do qual seja fã?

“Vixi!” Vários. Poderia começar pelo autor que me inspirou a tornar-me escritor: Ernest Hemingway, um escritor que deixou uma belíssima obra e uma história de vida fascinante.
Jorge Amado, com certeza me influencia muito, até hoje. Como disse o presidente da Academia Petropolitana de Letras-RJ Gerson Valle, sobre minha obra: “... De alguma forma, refletem o hedonismo dos romances de Jorge Amado.”
Citaria também as influências literárias de minha terra, Alagoas: Graciliano Ramos, Lêdo Ivo, Jorge de Lima e Ivan Marinho. Tal qual eles, escrevo com a alma de nordestino sofredor e injustiçado e como disse Lêdo Ivo: “... nós, romancistas do Nordeste, denunciadores incômodos e incorrigíveis da pobreza e da injustiça, dos pesadelos e das calamidades, sempre nos distinguimos de nossos confrades do Centro e do Sul pelo nosso ar de estrangeiros, de emissários desse interminável Oriente que é a nossa terra natal.”
Mar de pedras
E muitos outros... Em outra entrevista foi perguntado sobre o encontro de gigantes em Mar de pedras: “Em Mar de Pedras Jorge Amado encontra Hemingway, quais as suas influências literárias?” Respondi: “Realmente um encontro de gigantes! A virilidade e valentia dos heróis Hemingwaynianos e a malandragem e a realidade dos anti-heróis de Jorge Amado. Em comum, as aventuras e a boêmia de ambos. Não há dúvida que são minhas maiores influências, mas não poderia deixar de citar Bernardo Guimarães e Marcel Proust, onde a riqueza de detalhes é marcante, riquezas essas que já me rederam algumas críticas negativas. Não poderia deixar de fora o mestre Rubens Fonseca, para mim o maior escritor brasileiro de literatura policial. Dele busco o cuidado técnico da informação colocada no enredo, sem furos por falta de conhecimento, o que é muito comum na literatura policial. Para você ter uma ideia, um premiado escritor e jornalista teve o disparate de escrever que seu personagem, ao ouvir um barulho na porta, ‘destravou sua pistola Glock e...’ Ora! As pistolas dessa conhecida fábrica austríaca não apresentam travas, apenas um mecanismo no gatilho, que ao ser acionado libera a arma para o disparo. Nesse mesmo livro ele cometeu outros equívocos, que poderiam ser facilmente eliminados, se ele tivesse a humildade de consultar um profissional da área.”

8- Qual seu livro preferido? 

Sortilégio possível - Ivan Marinho
Inúmeros! Romance: Ninho de cobras, de Lêdo Ivo; poesia: Sortilégio Possível, de Ivan Marinho, e histórico: Os sertões, de Euclides da Cunha.

9- Você segue algum método para escrever? Mantém fichas de personagens, esboços, desenha previamente as cenas ou é mais intuitivo?

Normalmente começo pelo fim. Penso no desfecho e desenvolvo em cima daquela ideia. E, para minha surpresa, descobri que esta técnica, era um método ensinado nas oficinas literárias ministradas por Gabriel García Márquez. Quanto aos personagens, estes surgem naturalmente, mas, à medida que escrevo, eles vão tomando formas e crescem. Às vezes, uma personagem que a princípio seria um coadjuvante cresce e se torna grande. Aconteceu em Enterro sem Defunto. Catarina era para ser apenas a namorada de Alcides, mas de repente cresceu ao ponto de ser, talvez, a personagem mais forte do livro. Em Mar de Pedras isso ocorre com Carolina.  Não quero dizer com isso que eles tenham vontade própria, não! Quem manda é o autor, mas tem personagens que nos conquistam.

10- Que dica você daria para quem planeja escrever um livro?

Ler, ler e ler! Escritor que não lê nunca se tornará um grande autor. Entrevista com o autor Daniel Barros

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