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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Menino de Deus - Daniel Barros

“Se você se aborrece escrevendo, o leitor se aborrece lendo”
Gabriel García Márquez


“Se você se aborrece escrevendo, o leitor se aborrece lendo”
Gabriel García Márquez


Ao escrever Menino de Deus, Lindoberto Ribeiro o fez com deleite. Capítulos curtos e enxutos nos proporcionam grande prazer a cada página, além de nos levar ao clássico do gênero. Encontramos no arcabouço narrativo de Menino de Deus a presença do crime, da investigação e do malfeito, que são a base do gênero policial, sem perder o foco na elucidação do crime, tornando o delito algo não compensatório.  Isto é o que define o clássico do gênero policial.

S. S. Van Dine nos propõe 20 regras para se escrever um bom romance policial. Ribeiro nos brinda, em seu romance, com algumas delas:

O leitor deve ter oportunidade igual, comparada à do detetive, de solucionar o mistério. As pistas devem ser claramente descritas e enunciadas; nenhum truque ou tapeação proposital deve ser utilizado pelo autor, senão os que tenham sido legitimamente empregados pelo criminoso, contra o detetive; o culpado deve ser encontrado mediante deduções lógicas e não por acidente, coincidência ou confissões, à qual não tenha sido levado forçosamente.

Entretanto, Ribeiro diverge de algumas, como a que diz: “É preciso que haja apenas um detetive”, regra de que também discordo, pois Nestor Garcia e Branco Júnior, tais quais Watson e Holmes, Hastings e Poirot, entre outros, se completam e dão maior dinamismo à trama. Em Menino de Deus, Nestor e Branco, os detetives particulares, contam com uma equipe de auxiliares especialistas e ainda com uma rede de informantes e colaboradores dentro dos órgãos de segurança estatal.

Em Menino de Deus, a agência de Nestor e Branco, situada na cidade do Rio de Janeiro, é contratada por um milionário americano para descobrir o paradeiro de seu filho James e sua ex-esposa Ketlen que, após se converter a uma seita religiosa, se divorcia de Mr. Jhonson, o milionário, e passa a morar com o filho em uma das colônias da seita, ainda nos Estados Unidos. Entretanto, depois de desigual luta nos tribunais norte-americanos, Ketlen perde a guarda do filho para Mr. Jhonson e foge de forma misteriosa para o Brasil, via Uruguai. Após aceitarem o caso, Nestor e Branco passam a se sentir pressionados, pois pulam dos casos corriqueiros de traições extra-conjungais para um de dimensões internacionais. Para aumentar o drama, logo depois de assumirem o trabalho, passam a ser seguidos por um Opala Comodoro de cor preta, fato que deixa os detetives apreensivos.

A trama narrada assume proporções nunca imaginadas pelos detetives, com o envolvimento da Polícia Estadual carioca, Polícia Federal, FBI e até mesmo a CIA, e faz com que os detetives Nestor e Branco, e seus auxiliares, usem de todos os escassos recursos, aliados a perspicácia original do brasileiro, para solucionar o mistério do Menino de Deus.

Uma novela policial, que, com certeza, não aborrecerá o leitor.
Boa leitura.


Daniel Barros

https://www.facebook.com/dh.barros

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