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domingo, 6 de maio de 2018

Soberania nacional - Daniel Barros

Gostaria muito de escrever sobre alguns pontos importantes do nosso cenário contemporâneo. Esclarecer tais pontos, sob minha ótica, entretanto sem paixão, apenas relatar fatos, como fiz nos meus relatórios policiais, onde sempre fui visceral, profundo e convicto na busca da verdade. Entretanto a verdade é muito subjetiva, quando quem a busca já definiu qual ela será. Então, na realidade não procura, mas caça argumentos que a comprovem. 
Vivemos um momento de profunda crise política, social e econômica. Última pesquisa CNI/Ibope, entre 22 a 25 de março, a forma de governar de Temer conta com a REPROVAÇÃO de 87%, o que torna a crise política profunda, afinal como estabilizar o país sem participação e apoio popular? A mesma pesquisa aponta como o período de maior aprovação os governos Lula e Dilma. Ao término do governo Lula, este contava com os mesmos 87%, mas no caso dele de APROVAÇÃO. Fruto de uma política de inclusão social e investimentos econômicos avassaladores, que buscaram o aumento da renda do assalariado, bem como a inserção de novos trabalhadores ao mercado. O desemprego caiu de 12,1% em 2002 para 6,2% em 2010, com consequente aumento do consumo, que gerou um salto no PIB de 2,7 em 2002 para + 7 em 2010. O crescimento econômico aliado às políticas sociais fez o dólar despencar de $3,94 para $1,70, bem como a inflação de 12,5% para 5,1%, no mesmo período já citado, o que levou o mercado financeiro internacional a acreditar no Brasil e o risco país cair dos inacreditáveis 2.436 pontos para apenas 174; índice histórico. Agora lhes pergunto: Estes índices são bons ou ruins para todos nós brasileiros? 

Na contramão desta política, surge o governo Temer apoiado pelo PSDB, DEM, PSC, entre outros, com uma política inversa. Mesmo sem apoio popular aprova a reforma trabalhista, alegando geração de emprego e o desemprego passa de 12,6%, segundo IBGE, em 2018. O índice de trabalhadores com carteira assinada segue em queda de 1,8% no primeiro trimestre do ano em relação a 2017. O emprego informal caiu ainda mais, 3,6%, o que comprova que a reforma trabalhista foi um duro golpe na classe trabalhadora. E não para por aí, o futuro do país com esta política é tenebroso: A extrema pobreza cresceu 11% e mais, as matrículas no ensino básico este ano caíram 7%. E novamente lhe pergunto: qual o futuro deste país? 
No governo anterior foi sancionada uma lei que garantia 75% dos royalties do petróleo do pré-sal para investimentos na educação e 25% na saúde. No governo Temer a lei foi alterada com o intuito de entregar ao capital financeiro internacional o controle de nosso petróleo. Veja trecho da reportagem publicada no jornal El País, em 16 de novembro de 2016, María Martín: “A aprovação desse marco regulatório (lei sancionada por Dilma) não agradou as petroleiras americanas, segundo foi revelado pelo vazamento de telegramas obtidos pelo site WikiLeaks em 2010. Na época, a representante de uma delas, segundo os documentos, ouviu do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB), hoje ministro de Exteriores, a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse. Serra, autor da proposta original sobre a mudança, sempre negou ter feito as afirmações a ele atribuídas no telegrama.” E mais uma vez lhes pergunto: Quem são os patriotas que defendem o Brasil?
Para o capital financeiro internacional, com o apoio do empresariado nacional, liderados pela FIESP, e políticos neoliberais, o projeto de entrega das nossas riquezas precisa ser consolidado. O país não pode voltar às mãos da esquerda, muito ainda precisa ser feito por eles, como a privatização da Eletrobrás, reforma da previdência, o sucateamentos dos correios para fortalecer as empresas internacionais, como a FedEx (acrônimo  do nome original da empresa Federal Express, empresa Norte Americana). E mais uma vez lhes pergunto: como não ver que nossa soberania está ameaçada?
Como podemos perceber, existe um projeto de entrega de nossa soberania. Dois anos com o governo Temer não foram suficientes, faltam algumas privatizações, reformas, como a da previdência, e principalmente impedir a volta da esquerda ao poder. Vamos começar, e peço que continue lendo, pelo julgamento de Lula. Uma série de indícios de corrupção na Petrobras, várias prisões e nada ligado ao presidente Lula, então o juiz Moro utiliza a delação premiada para pressionar os envolvidos, não basta colaborar, a delação tem que envolver o nome de Lula. Caso contrário o delator permanece preso, quem denuncia é soltou ou tem a pena reduzida. A prisão não pode ser usada para fazer com que o preso confesse algum crime ou dizer o que o seu confessor quer, não existe esta previsão na lei brasileira, acontecendo isto seria, sem dúvida, uma espécie de tortura, como disse um dos ministros do STF. Mas enfim, surgem delações envolvendo o nome de Lula, tornando possível sua condenação. Entretanto, meu caro, você perguntaria: não são necessárias confirmações das delações? Sim, mas é aí que entra a parcialidade do magistrado, que nega o pedido da defesa para que, por exemplo, o suposto contrato de compra do triplex fosse periciado, pela própria Polícia Federal, pois sendo feita a perícia, a “prova” da acusação transformar-se-ia em prova da defesa e não da acusação. Por que um juiz nega que uma perícia seja realizada pela “sua” própria polícia judiciária? Outro fato “delatado” foi a reforma do triplex. Vários pedidos da defesa para que fossem feitas vistorias foram negadas pelo juiz Moro. Por quê? Como pudemos ver recentemente a reforma nunca existiu, por isto as vistorias foram negadas, pois se feitas virariam provas usadas na defesa do réu. À época foi dito, por testemunhas: o zelador do triplex e o engenheiro responsável pela reforma, afirmaram categoricamente que, inclusive, havia um elevador privativo para o triplex. Hoje sabemos que nenhuma reforma foi feita e muito menos elevador privativo. E tudo vai ficar por isso mesmo? Prestar falso testemunho é crime, onde estão o zelador e o engenheiro? Para responder por isto. O juiz, nem vou perder meu tempo querendo punição, pois na pior das hipóteses, para ele, seria uma aposentadoria INTEGRAL, ou seja, punição alguma.
O caro leitor poderia me perguntar: mas o TRF-4? Eles confirmaram a sentença do juiz e até aumentaram a pena. Você sabia que existem 257 processos na frente do processo do presidente Lula no TRF-4? Por que passar o do Lula na frente de todos? Como estes mesmo desembargadores têm imparcialidade para julgar esse réu? Esta pergunta vou deixar para você, caro leitor, responder. Responderei a outra: as últimas quatro eleições presidenciais foram vencidas pelo presidente Lula, duas com ele candidato e duas com a presidente Dilma, uma desconhecida e nada popular candidata, mas mesmo assim Lula conseguiu convencer o povo a votar nela. Então, era necessário não só adiantar o processo como condená-lo e tirá-lo da disputa em 2018, e para isto a condenação em 2ª estância era necessária, mesmo sem as perícias solicitadas pela defesa demonstrando um claro cerceamento da mesma. Entretanto, de repente eles lembraram: mesmo não sendo candidato, Lula poderia eleger quem indicasse, é necessário colocá-lo atrás das grades, de onde não poderá fazer campanha. A prisão foi decretada em tempo recorde passando por cima das leis, antes dos embargos serem exauridos, mas você pode dizer: os embargos são protelatórios; podem ser, mas sempre foram considerados, porque no caso do Lula foi diferente? Como disse o ministro Marco Aurélio Melo, vivemos num Estado de exceção regido pela “constituição do Paraná”. 
Concluo, caro leitor, dizendo que não sou ingênuo ao ponto de acreditar que não houve irregularidades e corrupção naquele período, houve e os culpados devem ser investigados e julgados sob a espada da justiça, que corta de vendas nos olhos, julgando todos como iguais e não criando regras diferentes para cada réu. Estou na polícia há 20 anos, não prendi todos que gostaria de ter prendido, mas me orgulho de nunca ter plantado ou forjado provas para prender nenhum criminoso, muito menos algum desafeto meu. Acredito que a honestidade e a valentia, são pressupostos básicos na minha profissão e, sobretudo, na minha vida. 
Daniel Barros - escritor