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domingo, 18 de abril de 2021

Covid-17 - por Daniel Barros


 

Durante todos esses 22 dias de cama, recluso em meu quarto, o sentimento de acolhimento foi enorme. Foram mais de 450 curtidas em apoio ao anúncio que fiz do nosso acometimento por covid-19 e outros quatrocentos e poucos comentários solidários. Não tenho dúvida de que estas orações, rezas e energias positivas tiveram forte influência em nossa recuperação. A presença de cada um de vocês foi sentida por nós nesses dias de padecimento físico. Cada noite rezei com fé e humildade, pedindo ao Nosso Senhor e à Nossa Senhora que salvasse minha esposa Andréia Pessoa, a mim, meu irmão Ivan Marinho e minha cunhada Felícia Marinho Cunha de Barros, que também foram diagnosticados no mesmo dia em que eu e Andréia. Após poucos dias doente meu irmão, que já teve duas pneumonias, foi internado, então o desespero invadiu minha alma e as preces mudaram, pedi fervorosamente que seu caso não progredisse para um estado mais grave e que os casos de Andréia e minha cunhada não se agravassem. Para mim, naquele momento, pedi que fosse feita a vontade de Deus e, apesar do medo que nos domina nessas horas, supliquei que se alguém tivesse que partir, que esse alguém fosse eu. 

No decorrer dos dias de internação meu irmão foi melhorando a cada dia e nós também, até que no 14º dia minha situação começou a complicar-se. A febre que eu tinha tido apenas nos três primeiros dias, voltou. Junto com ela, tosse, falta de ar e o mais desesperador, a saturação baixou para menos de 90%! E então, passou pela minha cabeça que meu pedido à Nossa senhora havia sido aceito. Medo e desesperança tomaram conta de mim. Retirei rapidamente o oxímetro e deitei de bruços (posição prona) para aliviar a pressão nos pulmões e mais uma vez pedi coragem para entregar aquela situação à vontade de Deus. O mais desesperador era saber que se precisasse de internação e posteriormente de UTI, não teria, pois naquele dia foi anunciado que em toda rede hospitalar do Distrito Federal havia apena uma vaga em UTI, tanto na rede pública como privada. Não foi fácil, mas era o que tinha que ser feito, colocar-me nas mãos Dele. Então, foram novos antibióticos, seis injeções de corticoides, além de duas injeções diárias de anticoagulante, por dez dias, que eu mesmo me aplicava. Eu aplicava também na Andréia, pois não queria que ela tivesse que fazer. E foram exames e tomografias, remédios e mais remédios, um dispêndio médico de quase R$ 4.000,00 (entre consultas, medicamentos e exames) e 10kg a menos (tinha 72 e agora estou com 62kg), quando tudo poderia ter sido resolvido com duas doses de vacinas a um custo de 3,16 dólares da AstraZeneca e em torno de 5,00 dólares da CoronaVac. Infelizmente ou felizmente, não podemos dissociar tudo que está acontecendo da política genocida deste desgoverno, que por diversas vezes se negou a comprar vacinas, estimulou a aglomeração e o não uso de máscaras de proteção, e receitou criminosamente, Cloroquina. 


Existe um ditado que diz: “não há mal que não traga um bem.” Nos dias de agruras foi a leitura, companheira fiel e bálsamo para minha mente inundada de incertezas (nove livros lidos no período), enquanto Andréia se dedicava à pintura de um trabalho em aquarela, pois a óleo poderia ser prejudicial a seus pulmões. Outro fato ocorrido foi o fortalecimento das minhas convicções de que é preciso lutar contra o fascismo, a exclusão social e contra todos aqueles que buscam na exploração do ser humano sua riqueza e poder. Fico imaginando como estão passando por esta pandemia os trabalhadores e toda nossa população massacrada por este sistema econômico, que tem como cerne o acúmulo de capital em detrimento da exploração do trabalho alheio. Sim, agora mais do que nunca estou disposto a lutar por socialismo e liberdade, como únicas formas de libertação da miséria e da opressão de nosso povo. 

Por fim, quero agradecer do fundo do meu coração a dois heróis: doutor Joseph Monteiro de Carvalho, meu amigo de infância, e ao doutor Cassio José Micelli Guimarães que nos assistiram diariamente desde o primeiro dia. Nos momentos de maior aflição foi meu amigo-irmão o doutor Joseph que me tranquilizou com palavras de conforto e lucidez nas orientações médicas e muito além, enviava-me poesias, músicas e muito amor e amizade. Por mais que sejam as palavras minha arte, faltam-me, neste momento, para expressar meu sentimento e agradecimento por tudo que recebi para superar a primeira fase dessa doença miserável. Não poderia deixar de registrar a companhia e cuidados dispensados a mim por minha esposa, vigilante a minha hidratação, alimentação e rigorosa nos horários dos diversos medicamentos necessários para minha recuperação. E mais uma vez, quero agradecer a todos que estiveram comigo espiritualmente em orações e energias enviadas. Muitíssimo obrigado a todos.

Daniel Barros

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