Vânia Moreira Diniz |
Homenagem ao Escritor da minha vida
Vânia Moreira Diniz
Escrever é a conscientização de tudo que se encontra interiormente e é transcrito
durante toda uma vida. Ficção, realidade ou ambas mescladas estão ali formando as
frases que a alma do escriba deixou em versos ou prosa.
Assim como qualquer artista, o escritor derrama sua sensibilidade, sabedoria,
experiência, aprendizado ou análise literária ou técnica com a mesma profundidade do
ator que o representa ou do artífice que molda suas obras com a alma nas mãos.
Passado, presente ou futuro o escritor está sempre sob a influência de imagens ou
conhecimentos que se fixaram e é repassado com o instintivo calor do talento ou dom
com que foi agraciado.
Falo na minha família porque foi lá que observei os primeiros movimentos antes mesmo
de entrar no colégio e quando ainda não tinha noção do que estava sendo feito.
Meu avô, Raymundo de Monte Arraes foi o grande artífice, o artesão das palavras que
pouco depois eu lia encantada, admirando o valor do conteúdo que estava ali entre os
milhões de livros que compunham sua biblioteca.
Raymundo de Monte Arraes |
Com ele aprendi o sentido da vida, o valor da escrita e da leitura e observei o quanto
queria passar aos jovens o seu conhecimento para que eles pudessem adquirir “algo que
ninguém lhes podia tirar”.
Sua casa sempre cheia de estudantes e de colegas escritores foi uma fonte de
conhecimento para mim e quando aos seis anos disse a ele que queria ser escritora, senti
em seus olhos uma chama de emoção que na ocasião não poderia saber o que
significava. Hoje imagino que ele não tivesse muito certeza de minha resolução pela
pouca idade, mesmo assim na mesma hora passou a me chamar de “minha pequena
escritora” o que foi para mim um motivo de alegria e orgulho.
A partir daí comecei a escolher nas bibliotecas de meu pai e avô os livros que os autores
que me chamavam atenção, mas como já disse várias vezes os primeiros livros sem
figurinhas que li foi Monteiro Lobato, autor pelo qual me apaixonei perdidamente. E daí
em diante não parei mais de ler compulsivamente.
Hoje é dia do escritor e isso me comove não só pela figura mais importante de minha
história que foi meu avô, mas pelos muitos autores que fizeram com que eu me alheasse
do mundo completamente e vivesse as páginas que “devorava” com sofreguidão.
Agradeço a meus pais, meus avós, meus mestres que me orientaram e deram uma
oportunidade ímpar e uma visão da vida, do mundo, valores imprescindíveis e a todos
os autores e educadores por intermédio dos quais pude dar passos importantes na minha
vida dedicando-me à escrita com amor inigualável.
Na oportunidade desejo dizer o quanto é importante conviver com meus colegas,
escritores brilhantes que iluminam meu caminho e a todos os colaboradores de um
trabalho que me absorve e que sem eles não teria sido possível realizar.
No entanto peço licença a todos para homenagear especialmente ao Escritor Raymundo
de monte Arraes, meu avô com quem aprendi a essência de todos os valores primordiais
da existência e encontrei o incentivo e a orientação para que pudesse persistir na escrita
com fascinação.
Pena que neste momento de um mundo globalizado, progressos estupendos e
conscientização de minha própria experiência ele não possa estar aqui. Mas tenho
convicção, que de onde estiver estará apreciando os frutos que deixou em seus livros,
um dos quais foi reproduzido e homenageado pela Universidade Nacional de Brasília
(UNB)
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