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sexta-feira, 26 de abril de 2019

Canto Escuro - por Cristiane Krumenauer

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Quem conhece a ficção policial de Daniel Barros, sabe que ele tem tanta fluidez no discurso que acaba indo além das investigações do crime. A descrição detalhada da cena inclui desde o toque na textura lisa da parede à cortina que balança com suavidade ao vento, ou até o palpitar aflito do coração da personagem, prestes a ser flagrada.
 O romance, dividido em partes, não é linear, o que deixa a leitura mais instigante. O leitor vê, com olhos curiosos e atentos, que essas partes se complementam, oferecendo respostas às lacunas propositalmente jogadas ao ar. Com uma narrativa acurada colocando cada detalhe em lugar certo e momento esperado.
E não é estranho ao autor, usar de sutilezas comuns ao ser humano em sua obra, mostrando assim sua habilidade em criar personagens, sendo femininas ou masculinas, rompendo assim qualquer limite de gênero.
As ações do romance policial se desenrolam como no cotidiano, em que a investigação por vezes é morosa, o que deixa o leitor com a mesma frustração e angústia do protagonista-delator, que não vê resultado algum, sequer sabe em quem confiar e é obrigado a esperar pelo desenrolar dos acontecimentos. 
Assim é o romance de Daniel Barros, que embora permita ao leitor fazer algumas viagens fictícias deliciosas, acaba acertando-o com a exatidão da lei e com o distintivo da verdade. Os leitores se aprazem com cenas excitantes e sabem que, inevitavelmente, serão arremessados contra à parede, agarrados pelo colarinho e terão que manter-se frios, mesmo que alvejados pela arma de fogo dos criminosos.
Integridade e corrupção; ficção e realidade, dualidades que fazem parte do nosso dia-a-dia e que estão presentes neste estupendo romance. Uma realidade nem sempre sedutora, mas que prende o leitor do começo ao fim, retratada com maestria. 

Cristiane Krumenauer
Escritora

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