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sexta-feira, 10 de maio de 2019

CANTO ESCURO: UMA HISTÓRIA PARA ALÉM DAS INVESTIGAÇÕES - Corrupção e prostituição em Brasília são temas em novo romance policial do escritor Daniel Barros

CANTO ESCURO: UMA HISTÓRIA PARA ALÉM DAS INVESTIGAÇÕES

Corrupção e prostituição em Brasília são temas em novo romance policial do escritor Daniel Barros



No dia 14 de maio, em Brasília, o escritor Daniel Barros lança seu mais recente livro: o romance Canto Escuro. 
Desde Mar de Pedras, seu romance anterior publicado há quatro anos, o autor vinha se dedicando a essa nova trama. “Disse para mim mesmo”, comentou o escritor em recente entrevista, “que se este não fosse meu melhor livro, eu não o publicaria”.
 Diferente dos livros anteriores, Barros admite que este romance tem um enredo mais denso, menos agradável ao leitor que busca apenas o entretenimento na experiência da leitura. Nas palavras do autor, não se trata de um livro “difícil de ler”, mas de uma narrativa que provoca inquietações e, é bom que se diga, reflexões meio amargas.  
 “É a visão de um homem que vê o mundo à sua volta se esboroar aos poucos, ao se deparar em sua repartição com um suposto esquema de corrupção”, adianta Barros. “O personagem se sente impotente diante dos fatos e descrente com o rumo dos acontecimentos. Paralelo a esse processo, ele vê seu casamento ruir e sua vida ir perdendo o sentido”.
O autor também se orgulha de ter se empenhado e não medido esforços para lapidar o livro ao longo dos quarenta e oito meses que abrangeram sua gênese e produção. “Não me poupei. Busquei cortar cada excesso, cada gordura, cada desejo de panfletar, evitando assim deixar o autor transparecer mais do que os personagens”, conclui.


Referências:
Na orelha do livro, a autora Cristiane Krumneauer destaca: “Quem conhece a ficção policial de Daniel Barros, sabe que ele tem tanta fluidez no discurso que acaba indo além das investigações do crime. A descrição detalhada da cena inclui desde o toque na textura lisa da parede à cortina que balança com suavidade ao vento, ou até o palpitar aflito do coração da personagem, prestes a ser flagrada. O romance, dividido em partes, não é linear, o que deixa a leitura mais instigante. O leitor vê, com olhos curiosos e atentos, que essas partes se complementam, oferecendo respostas às lacunas propositalmente jogadas ao ar. Integridade e corrupção; ficção e realidade, dualidades que fazem parte do nosso dia-a-dia e que estão presentes neste estupendo romance. Uma realidade nem sempre sedutora, mas que prende o leitor do começo ao fim, retratada com maestria”. 
Amanda Pessoa é outra autora que evidencia as qualidades deste romance. No texto de quarta capa, ela diz: “Em Canto Escuro, a história de Paulo Henrique é contada de maneira tão pungente, que a identificação do leitor com ele é inevitável, para o bem e para o mal. Suas falhas, suas vontades, seus desejos, são todos retratados de forma exageradamente humana e o leitor se sente convidado para acompanhar todas as situações pelas quais ele passa, ainda que não aprove os meios que ele usa para alcançar alguns fins. O enredo de Canto Escuro é construído de forma a impactar quem lê, algo que acontece com maestria - a vontade de ser mais específica é grande, mas seria um pecado tirar de você, colega leitor, a chance de descobrir facetas humanas presentes na nesta obra e que são vistas em tantas pessoas, mas na maioria das vezes negadas”. 

Segue abaixo um trecho do romance:

– Boa noite, doutor Paulo Henrique. Vai fazer serão?
– Pois é, ia levar trabalho para casa, mas resolvi terminar aqui mesmo. [...] Eu te aviso quando estiver de saída.
– Não precisa. Daqui vejo a luz da sua sala. Quando o senhor apagar, saberei que tá saindo. Bom trabalho, senhor. 
E dessa forma o vigilante acabou alertando Paulo Henrique, que não se lembraria de acender a luz de seu escritório antes de ir para a sala da diretora. Correu para sua sala, acendeu a luz e demonstrando normalidade apareceu na janela, de onde pôde ver e acenar para o vigilante lá embaixo. Mais rápido ainda chegou à direção, por hábito, quase acendeu a luz, mas se conteve. Por sorte, Miriam era uma secretária atenciosa e havia fechado as cortinas do escritório, o que facilitaria o uso da lanterna sem despertar suspeita com os clarões. Abriu a bolsa com os apetrechos e começou a montar o equipamento. Suas mãos suavam e de imediato se arrependeu de não ter tomado uns tragos antes para se acalmar. [....] Ainda tomou cuidado para que o facho da lanterna não fosse em direção às janelas. Não podia demorar muito, pois o vigilante poderia mudar de ideia e resolver realizar a ronda com ele ainda no prédio. Terminado o trabalho, verificou se tudo estava em ordem. Trancou o escritório e desceu para apagar a luz da sua sala. Já no elevador lembrou: “Puta-merda! Esqueci a pasta!”. Imediatamente começou a apertar os botões do elevador para ele parar em algum andar antes do térreo. Finalmente, parou; ele saltou e correu pelas escadas. No andar térreo, o vigilante, ao ver que o elevador descia, dirigiu-se para a porta para recepcionar Paulo Henrique. Para a sua surpresa, o elevador estava vazio. 

Sobre o autor:
Daniel Barros nasceu a 4 de outubro de 1968, na cidade de Maceió, estado de Alagoas, filho de um oficial da Polícia Militar de Alagoas, Ivan Marinho de Barros, e da professora Maria Tereza Costa de Barros. É engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Alagoas (1992). Em Brasília, onde reside desde 1998, pós-graduou-se em Segurança Pública, área em que atua profissionalmente há vários anos.
Foi colaborador, como fotógrafo, de O jornal e Gazeta de Alagoas. 
É autor dos romances O sorriso da cachorra (2011) e Mar de pedra (2015), ambos pela editora Thesaurus. Participou das coletâneas Contos Eróticos, Enquanto a noite durar  (contos sobrenaturais) e Os bastidores do crime (contos policiais, livro do qual foi organizador). Integra as antologias poéticas Sombras & desejos, Toda forma de amor e  Confissões
É membro do sindicato dos escritores DF.

Serviço:
Canto escuro, romance (244 p., 42 reais). Daniel Barros – Editora Penalux.
Disponível em:
www.editorapenalux.com.br/loja/canto-escuro

Lançamento: Dia 14 de maio, às 19h, no restaurante Fausto & Manoel, em Brasília/DF. 

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Mar de Pedras - Andri Carvão

Foto: Gabriel Marinho
Daniel, com Mar de Pedras você provou ser um mestre na arte de se contar uma boa história. Frases concisas sem malabarismos linguísticos; uma dose de poesia na medida certa, mas sem cair no sentimentalismo barato. Sua prosa, quase jornalística, me fez rememorar aqueles romanções da saudosa Círculo do Livro publicados nas décadas de 70 e 80. Romance que se lê com prazer, que prende o leitor do começo ao fim.
Vendas
Capítulos curtos de, em média, duas páginas. Ao final de boa parte dos capítulos você usa perfeitamente o recurso - tão caro aos folhetins - de deixar um gancho, algo em suspenso que conduza naturalmente o leitor a embarcar no próximo capítulo. Personagens bem construídos, trama verossímil. Enfim, doido pra ler o próximo. Parabéns, amigo! Abraços!

Andri Carvão
Escritor

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Daniel Barros - por Maurício R. B. Campos

Pré-venda!
Daniel Barros transborda brasilidade em cada frase, com forte influência do mestre Hemingway, é capaz de encantar através de uma prosa suave que mescla o melhor estilo da literatura estadunidense com o tempero brasileiro. Merece um brinde, com JB (uísque J&B), é claro.
Maurício R. B. Campos
escritor

terça-feira, 30 de abril de 2019

Canto Escuro - Por Amanda Pessoa


PRÉ-VENDA! GARANTA JÁ O SEU EXEMPLAR!
Se ao ler um livro, você fica com vontade de discutir com um personagem, torce por outro e fica com raiva de mais um, significa que a história é bem contada e os carecteres dos personagens, bem construídos.
Em Canto Escuro, a história de Paulo Henrique é contada de maneira tão pungente, que a identificação do leitor com ele é inevitável, para o bem e para o mal. Suas falhas, suas vontades, seus desejos, são todos retratados de forma exageradamente humana e o leitor se sente convidado para acompanhar todas as situações pelas quais ele passa, ainda que não aprove os meios que ele usa para alcançar alguns fins. De fato, impressiona o tanto de humanidade com que são retratados os personagens dessa história policial, com pitadas de erotismo e um sutil toque de humor negro. Todos se comportam como alguém que conhecemos e às vezes até reprovamos. A identificação com algo familiar, enquanto acompanhamos o desenrolar da história é, portanto, inevitável.
O enredo de Canto Escuro é construído de forma a impactar quem lê, algo que acontece com maestria - a vontade de ser mais específica é grande, mas seria um pecado tirar de você, colega leitor, a chance de descobrir facetas humanas presentes na nesta obra e que são vistas em tantas pessoas, mas na maioria das vezes negadas. 
Amanda Pessoa
Revisora 

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Canto Escuro - por Cristiane Krumenauer

Pré-venda! Garanta já o seu exemplar.
Quem conhece a ficção policial de Daniel Barros, sabe que ele tem tanta fluidez no discurso que acaba indo além das investigações do crime. A descrição detalhada da cena inclui desde o toque na textura lisa da parede à cortina que balança com suavidade ao vento, ou até o palpitar aflito do coração da personagem, prestes a ser flagrada.
 O romance, dividido em partes, não é linear, o que deixa a leitura mais instigante. O leitor vê, com olhos curiosos e atentos, que essas partes se complementam, oferecendo respostas às lacunas propositalmente jogadas ao ar. Com uma narrativa acurada colocando cada detalhe em lugar certo e momento esperado.
E não é estranho ao autor, usar de sutilezas comuns ao ser humano em sua obra, mostrando assim sua habilidade em criar personagens, sendo femininas ou masculinas, rompendo assim qualquer limite de gênero.
As ações do romance policial se desenrolam como no cotidiano, em que a investigação por vezes é morosa, o que deixa o leitor com a mesma frustração e angústia do protagonista-delator, que não vê resultado algum, sequer sabe em quem confiar e é obrigado a esperar pelo desenrolar dos acontecimentos. 
Assim é o romance de Daniel Barros, que embora permita ao leitor fazer algumas viagens fictícias deliciosas, acaba acertando-o com a exatidão da lei e com o distintivo da verdade. Os leitores se aprazem com cenas excitantes e sabem que, inevitavelmente, serão arremessados contra à parede, agarrados pelo colarinho e terão que manter-se frios, mesmo que alvejados pela arma de fogo dos criminosos.
Integridade e corrupção; ficção e realidade, dualidades que fazem parte do nosso dia-a-dia e que estão presentes neste estupendo romance. Uma realidade nem sempre sedutora, mas que prende o leitor do começo ao fim, retratada com maestria. 

Cristiane Krumenauer
Escritora

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Daniel Barros - por Raick Tavares

PRÉ-VENDA! GARANTA JÁ O SEU EXEMPLAR!
https://www.editorapenalux.com.br/loja/canto-escuro
Eu tive o prazer de conhecer o Daniel Barros em 2014, pelas redes sociais e depois pessoalmente. Passei a ser seu leitor e admirador do trabalho. 
Comecei minha leitura a partir do romance Enterro Sem Defunto. Depois li seus outros dois romance, O Sorriso da Cachorra e Mar de Pedras, e todos, tive o mesmo impacto. Ele é um escritor que sabe dosar bem os capítulo, curtos e enxutos, e ser direto indo ao ponto. 
Ao fundo, AST Ivan Marinho
Sua prosa nacionalista me ensina sempre e me faz enxergar o Brasil com seus enormes labirintos e profundas desigualdades sociais.
Depois de 4 anos, ele nos presenteia com Canto Escuro (PRÉ-VENDA! GARANTA JÁ O SEU EXEMPLAR! ), que ouvi muito sobre e tive a oportunidade de conhecer um release do romance, antes de ir para editora. Daniel Barros é o autor que você precisa conhecer não só uma obra, mas todo o seu trabalho. Ele, com sua escrita fluida e ritmada, irá te instigar do primeiro ao último parágrafo.
Raick Tavares
Escritor e jornalista

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Cartas Fraternas - ensaios sobre a amizade - Prof. Filemon Félix de Moraes

Cartas Fraternas



Muitos escritores buscam na ficção uma forma de dizer verdades. Alguns criam amigos imaginários, com quem travam belíssimos diálogos, como muito bem fazia o saudoso Nilton Maciel. Diálogos fictícios que discutem os problemas cotidianos: política, arte, educação, enfim, desse mar de imaginação surgem contos, crônicas e até mesmo novelas para que nos deleitemos.
Professor Filemon Félix de Moraes
Em Cartas Fraternas, Filemon Félix de Moraes nos brinda com magníficas crônicas, escritas em forma de cartas que, como toda boa literatura, nos deixam em dúvida se são verdadeiras ou fruto da imaginação criativa do autor de Meias Verdades. O que me faz lembrar o velho Hemingway: “Todos os bons livros se parecem: são mais reais do que se tivessem acontecido de verdade”. A diversidade de temas é fascinante — sob o ponto de vista subjetivo e pessoal — vão desde admiração, paixão, saudade, comportamento, mudanças, trabalho e até mesmo política, como em Ensaio sobre a eleição, onde Filemon expõe toda sua sensibilidade humana, não esquecendo sua origem humilde e que, mesmo tendo prosperado financeira e profissionalmente, não se tornou um capitão-do-mato, pois reconhece as dificuldades pela qual passa boa parte do povo e se mostra sensível a tais problemas, reconhecendo quem algo fez por essa parcela esquecida por nossos governantes, desde a época da colonização. 
Por esses e outros fatores, não tenha dúvida que Cartas Fraternas terá lugar de destaque em nossa estante ou em nossa cabeceira, ao alcance da mão, para que a qualquer momento possamos aprazer-nos com crônicas tão bem construídas.  
Daniel Barros — escritor
Brasília, 5 de fevereiro de 2019

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Frente a Frente com Rubem Fonseca - Manoel Neto

Com um vocabulário rico e elegante, Manoel Neto narra as amarguras de um velho
agente de polícia esquecido pelos neófitos de sua corporação, que o consideravam
ultrapassado. Mas o furto de uma grande obra literária, quatro manuscritos do consagrado
escritor Rubem Fonseca, lança um desafio a estes calouros policiais que desdenhavam do
velho investigador. Quem vencerá?

A linguagem rebuscada e ao mesmo tempo clara, associada ao humor
característico do autor, traz-nos uma trama policial bem feita e divertida, com detalhes e
mistérios a serem desvendados pelo leitor. Essas características unem os dois autores, o
homenageado Rubem Fonseca e Manoel Neto, pois ambos iniciaram suas carreiras como policiais na
Capital da República, o primeiro no Rio e o segundo em Brasília. Sem dúvida, as experiências
de ambos se traduzem em narrativas rápidas e certeiras, sem espaço para erros técnicos na
investigação tão comuns na literatura policial.
Manoel Neto

Frente a frente com Rubem Fonseca transporta o leitor para dentro da trama, e
leva-o a perguntar, se é real ou é ficção? Observe as pistas, caro leitor, e descubra se você é
capaz de solucionar este caso. O mistério é todo seu.


Daniel Barros
Escritor

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Clarice, A Última Araújo - Romance de Paulo Souza – Para quebrar regras.

Clarice, A Última Araújo - Romance de Paulo Souza – Para quebrar regras.

https://www.editorapenalux.com.br/autor/MzM3/Paulo_Souza


Costuma circular no meio literário que o crítico é sempre um escritor frustrado. Entretanto Paulo Souza, blogueiro, contista e crítico literário, surge para quebrar essa regra. Em seu romance de estreia, Clarice, o autor nos remete a um mundo místico de querubins e anjos. O que poderia ser apenas mais um livro de fantasias e crendices, não é, não, meu caro! A estória é engendrada entre o encanto de um querubim por uma linda mortal, e isso marca o enredo da trama, que apresenta temas importantes e verdadeiros como: prostituição infantil, corrupção, hipocrisia, amor e política. 
Paulo Souza
O sonho de conhecer a chuva faz a pequena e formosa menina Clarice ser ludibriada pela experiente cafetina, Joana Critério, que a leva para morar na capital cearense. A ilusão prometida de uma vida melhor é argumento comum, usado por aliciadores de menores para iniciar meninas no submundo da prostituição infantil. A menina sonhadora fugia da praga da seca provocada, segundo se dizia, por uma de suas antepassadas que, ao se deitar com um querubim, trouxe a maldição para sua cidade natal, Novo Oriente, que, desde o acontecido, nunca mais recebera uma só gota de água dos céus.  Além da maldição da seca, outro fenômeno ocorrera nos Araújo, família de Clarice: só nasceram mulheres, que de tão lindas encantavam e enlouqueciam todos os homens que com elas se deitavam. Então para todos da cidade, graças às fofocas da viúva Das Dores, os Araújo eram os verdadeiros culpados pela seca.
Paulo Souza soube, com mestria, dar ritmo e fluidez às palavras, que, quando lidas, surgem como música aos nossos ouvidos. Uma leitura agradável e envolvente nos faz entrar no mundo mágico e dolorido de Clarice. 
Não há duvidas! Paulo Souza, com seu romance Clarice, fará parte do time dos melhores romancistas dessa nova geração de autores nacionais.  

Daniel Barros
Escritor 

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

UMA TRAJETÓRIA LUMINOSA - João Carlos Taveira*



                                                

                            Acaba de sair, finalmente, pela Massao Ohno, o tão esperado livro de poemas de Maria Braga Horta, intitulado Caminho de Estrelas.  Trata-se de uma compilação de toda a sua produção poética em grosso volume de 254 páginas ilustradas por Ivanir Geraldo Viana, com capa da filha Glória Braga Horta, organizado e prefaciado pelo primogênito Anderson Braga Horta, também poeta e um dos mais representativos de sua geração.
Acaba de sair, finalmente, pela Massao Ohno, o tão esperado livro de poemas de Maria Braga Horta, intitulado
              O livro enfeixa desde as primeiras criações até os últimos passos da poetisa pelas sendas do Parnaso, perfazendo um longo e fértil período, que se inicia em 1931 e vai até 1978. Portanto, quase meio século de uma produção rica e variada de autêntica poesia.  Tome-se de exemplo esta pequena amostra:

                                                 





ANTIFLOR

                                      Caule esdrúxulo, gerado
                                      sem ventre.  Crisol de verdes
                                      espadas, sem punho e gume,
                                      erguidas do escuro estrume
                                      sem o orgasmo das sementes:
                                      (grande mistério o de seres
                                      vivente por recriado
                                      de fibras remanescentes!)
                                      — por que mistério ainda cirzes
                                      a terra, tão bem cerzida,
                                      com tuas finas raízes?
                                      — por quê, sem fonte de amor,                                     
                                      vives (eterna antivida!)
                                      se serás sempre antiflor?
                                      
              Maria Braga Horta, mercê das responsabilidades de professora, dona-de-casa, esposa e mãe de cinco filhos, foi uma mulher sempre atualizada e muito bem informada, nunca deixando de lado o seu diálogo com a Poesia, quer por intermédio da leitura, quer no seu mister de criação.
              Apesar de inédita em livro, angariou respeito e admiração de vários e importantes escritores, a exemplo de Carlos Drummond de Andrade que, reconhecendo-lhe os méritos artesanais, fez incluir o soneto "Legado", a ele oferecido com dedicatória, no seu livro Uma Pedra no Meio do Caminho.  Ouçamo-lo:


                                                    LEGADO     
 

                                                   A Carlos Drummond de Andrade
                                         (resposta a seu soneto do mesmo título)


                          Que lembrança melhor deixará para os seus
                          o poeta, senão os seus versos, seu tudo?
                          pois que deixa uma herança inspirada por Deus
                          e que a todos pertence em total conteúdo.

                          Nem é dado ao poeta, em seu último adeus,
                          deixar mais que o seu verso imortal e desnudo...
                          que este mundo atual não premia os orfeus
                          com palácios, brasões, nem medalhas e escudo.

                          Mas do verso que vibra e que escorre da pena
                          na infinita expressão que somente um poeta
                          poderá traduzir em linguagem terrena

                          ficarão para sempre a lembrança e o carinho
                          de quem soube polir, com primores de esteta,
                          uma pedra que havia em meio do caminho...

              Dona de uma técnica apurada (de que nos dão testemunho os inúmeros sonetos) e conhecedora atenta dos liames de seu ofício, a autora do "Apólogo Chinês", com extrema delicadeza, constrói cada peça de seu mosaico como se trabalhasse (e trabalhava) peças de porcelana.  Seus poemas soam aos nossos ouvidos com intensa musicalidade e fluem diante dos nossos olhos como arabescos de filigranas as mais sutis.  Talvez aquele encantamento peculiar a uma voz lírica próxima à de Cecília Meireles.  Senão, vejamos:

Maria Braga Horta
                                                 ASAS PARA O INFINITO

Qual um pássaro sem destino abri, para o azul sem fim, minhas asas  de  teia e filigrana.
Tão frágeis, tão imateriais, como haveriam  de resistir aos ventos, às procelas?
                          Como resistiriam, tão finas! ao frio e ao sol?
                          Eis o que aconteceu:
— fechadas, como um desejo, no pensamento, tinham a forma e as cores da perfeição...        
 — abertas à luz, transformadas em vôo, desfizeram-se em pequenos retalhos deformados, como pedaços de penas a rolar pelo chão...


              Caminho de Estrelas é um livro completo, cuja mestria autoral atinge um alto grau de sensibilidade e beleza.  Um livro pleno de poesia, testemunho silencioso de uma artista que, em sua luminosa trajetória, um dia traduziu em versos "a ambição de ser deus(a) e a dor de ser mortal!".

Brasília, 1.º de janeiro de 1997. 


*João Carlos Taveira é poeta e crítico literário, com vários livros publicados, entre os quais O Prisioneiro (1984), Na Concha das Palavras Azuis (1987), Canto Só (1989), Aceitação do Branco (1991). Tem poemas traduzidos para o russo, o romeno, o espanhol, o italiano.