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terça-feira, 16 de maio de 2017

Jornalista Shirley M. Cavalcante (SMC) entrevista o escritor Daniel Barros


Shirley M. Cavalcante
Jornalista Shirley M. Cavalcante (SMC) entrevista o escritor Daniel Barros
         Daniel Barros, 48 anos, alagoano de Maceió. Foi colaborador em O jornal e Gazeta de Alagoas, na década de 1990. É engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Alagoas no ano 1992. Em Brasília, desde o fim dos anos 1990, onde pós-graduou-se em Segurança Pública e iniciou sua carreira literária publicando: O sorriso da cachorra, romance, editora Thesaurus, Brasília 2011; Enterro sem defunto, romance, LER editora, Brasília 2013 e Mar de pedras editora Thesaurus, Brasília 2015;.Participa das coletâneas: Contos eróticos, editora APED, Rio de Janeiro, 2013; e de Enquanto a noite durar, contos sobrenaturais, editora APED, Rio de Janeiro 2013. 

1. Escritor Daniel, é um prazer tê-lo conosco no projeto Divulga Escritor. Conte-nos em que momento pensou em escrever o seu romance “O Sorriso da Cachorra”?

O desejo de expressão é inerente à espécie humana, potencializado quando se refere ao sentimento. É preciso pôr para fora para não se sufocar. Como dizia Paulo Leminski no poema “Pergunte ao Pó”: “... O que a gente sente / e não diz / cresce dentro”. Comecei a escrever justamente por essa necessidade de expor sentimentos e ideias. E criar uma história divertida e prazerosa. Entretanto, sem esquecer o espírito de denúncia que temos, nós, os escritores nordestinos. 
2. Como foi a construção do enredo e dos personagens?

Normalmente começo pelo fim. Penso no desfecho final e desenvolvo em cima dessa ideia. Os personagens surgem naturalmente, mas, à medida que escrevo, eles vão tomando formas e crescem. Às vezes, um personagem que a principio seria um coadjuvante, cresce e se torna grande. Aconteceu em ENTERRO SEM DEFUNTO. Catarina era para ser apenas a namorada de Alcides, mas de repente cresceu ao ponto de ser, talvez, a personagem mais forte do livro. Não quero dizer com isso que eles tenham vontade própria, não! Quem manda é o autor, mas tem personagens que nos conquista.

3. Ao terminar de escrever “O Sorriso da Cachorra” você já tinha planos para escrever o “Enterro sem defunto”?


Sim. Tinha a intenção de escrever sobre um tema mais polêmico, mais forte. Abordar aspectos estruturais da sociedade, no que se refere à segurança pública. E escrever um romance policial mais próximo da realidade. Diferente do estilo clássico, em que o mistério vai sendo desvendado à medida que surgem as provas, como os livros de Arthur Conan Doyle, Agatha Christie e Edgar Allan Poe. Enterro sem defunto tende mais para o romance noir, mas foge daquele noir estereotipado. Estamos no Brasil, nos arredores de Brasília ou em uma praia de Maceió. O tom é colorido como nos convém, longe do preto e branco ianque, personagens mais humanizados, bebem, fumam, brigam e se envolvem em casos sexuais. E surgem tramas paralelas. Tanto que no meu romance o enredo se dá em dois tempos, numa estética não-linear, intercalando capítulos entre o presente, em que o personagem é policial, e seu passado como fotógrafo.

4. Que temas você aborda em sua obra “Enterro do defunto”?
Havana - Cuba

Os temas são variados, desde as oligarquias políticas de Alagoas, a polêmica ilha de CUBA e seu povo, sexo, sensualidade, paixão, amizade, luta contra a corrupção e ao trafico de droga e até sobre a estrutura organizacional da polícia judiciária no Brasil. Tema bem atual, como bem podemos acompanhar no noticiário, como a CRISE na Polícia Federal, que é fruto de uma estrutura arcaica e corroída pela corrupção. Mas como escreveu o jornalista Marcos Linhares em uma resenha sobre meu livro: “... obra com seu toque de fino humor, retrato refinado e cru da realidade, recheado com dose de sonho, medo, dor, paixão, sexo, enfim, de vida. A vida espalhada pelas páginas das obras bem ornadas com o barro das palavras desse Daniel alagoano”. 

5. Como foi a escolha do título?
Ariano Suassuna

O sorriso da cachorra foi inspirado na obra de Ariano Suassuna, O auto da compadecida. Lá, a esposa do padeiro compra o padre para fazer o testamento da cachorra. Já Enterro sem defunto surge do mistério e da trama que envolve o final do livro, que não posso revelar, pois acabaria o enigma (risos). Busco escolher títulos espirituosos e que despertem o interesse do leitor pela história, bem como o porquê do título. 

6. Soube que você gosta de escrever contos. De forma geral, qual a mensagem que você quer transmitir ao leitor através de seus textos literários?
E. Hemingway

Uma vez perguntado por uma repórter, Ernest Hemingway respondeu: “Se quisesse transmitir mensagens, enviaria telegramas.” Mas longe de mim, o velho mau humor do célebre autor de Por quem os sinos dobram? Sou apenas um contador de histórias, e pela minha origem coloco nelas a realidade dura do nosso país. Como dizia Lêdo Ivo: “... nós, romancistas do Nordeste, denunciadores incômodos e incorrigíveis da pobreza e da injustiça, dos pesadelos e das calamidades, sempre nos distinguimos de nossos confrades do Centro e do Sul pelo nosso ar de estrangeiros, de emissários dessa interminável Oriente que é a nossa terra natal”.

7. Daniel, onde podemos comprar os seus livros?

ed. Em Brasília, em diversas livrarias, entre elas: Livraria Leitura do Conjunto Nacional e Terraço Shopping, Livraria e distribuidora horizonte do Saber (SCLN 714/715 Bl:A Lj: 16 ASA NORTE BRASÍLIA DF) e Restaurante Fausto & Manoel, CLSW 101, Bloco C, lojas 8/9/10, Sudoeste- Brasília/DF. No site da Livraria Cultura os dois livros podem ser encontrados facilmente. 

8. Quais os seus principais objetivos como escritor? Pensa em publicar um novo livro?
www.amazon.com.br/Mar-Pedras-Daniel-Barros

Simples; ser lido! Tornar-me imortal, pois enquanto nossos livros são lidos, nós vivemos. Meu próximo livro, Mar de pedras já está nas mãos do meu revisor (João Carlos Taveira), e estou escrevendo outro, ainda sem título e sem pressa, pois pretendo escrever um livro mais denso, introspectivo... o que demanda um maior cuidado e um desgaste pessoal muito grande. Espero conseguir.

9. Quais os seus principais hobbies?
Quintal da casa do autor

Não gosto de esporte, não jogo bola, tênis, não pratico corridas... sou um boêmio! Cuido dos meus animais, cachorros, galinhas, perus, carneiros e peixes, não os ornamentais, crio-os para comer (tilápias, tambaquis, etc.) – E a leitura, naturalmente. Pescar é algo também que me proporciona muito prazer.


10. Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário no Brasil?

Sem dúvida, precisamos baixar os preços dos livros. O livro brasileiro ainda é um dos mais caros do mundo, mesmo sem a cobrança de impostos. Precisamos de prêmios literários sérios, onde pelo menos os livros sejam lidos pelos jurados. Na II bienal do livro de Brasília cada jurado teria pouco mais de um mês para ler 50 livros, é evidente que não é possível. O que fazem então para escolher? 



Daniel Barros e seu cão: Papa Hemingway
13. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor. Foi muito bom conhecer melhor o Escritor Daniel Barros. Que mensagem você deixa para os nossos leitores?

Leiam! Sobretudo meus livros... (risos). Brincadeiras à parte, devemos ler e estimular a leitura. Não só as crianças devem ser incentivadas, mas todos! Jovens, adultos... Nunca é tarde para se tornar um ávido leitor.


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