BUSTO DE ÁLVARES DE AZEVEDO
Antologia TansSPassar - SESI-SP editora |
Quieto, no meio da praça,
O poeta virou monumento.
Nenhuma palavra sai de
Sua boca de bronze para
Falar aos homens de agora.
Mas eu roubo seus poemas
e toco a sua lira dos 20 anos:
Se eu morresse amanhã...
A CIDADE DE PALAVRAS
Não conheci o caminho das especiarias,
nem as sedas, nem as escravas.
Mas o êxtase já passou perto de mim
Mas o êxtase já passou perto de mim
e tão devagar
como o bonde nos trilhos
do poema.
do poema.
E nessa cidade de palavras
--e vertigens,
todos os abismos eram navegáveis.
Barquinhos de papel conduziam
Barquinhos de papel conduziam
infantes, infantas
e desígnios insondáveis
pelas sarjetas.
As ruas tinham letras,
maiúsculas e minúsculas,
e eram indecifráveis seus nomes:
Itambé,
Cristiano Viana,
João Moura,
e ainda assim iluminavam
minha infância
--como cartilha
ou catecismo.
Era isso então a língua e a linguagem:
o sol entrando no céu da palavra.
E eu soletrando estas cinzas
queimando meu corpo
completamente em chamas.
Rubens Jardim
Jornalista e poeta
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